“Deus Ama a Todos”: A Mensagem de Paz do Novo Papa Toca Milhares em São Pedro
Durante o discurso, alternou do italiano para o espanhol, agradecendo pelo tempo em que atuou como bispo em Chiclayo, no Peru — país onde desenvolveu grande parte de sua missão religiosa.

Logo após ser escolhido como o novo papa, o cardeal Robert Francis Prevost discursou nesta quinta-feira (8) pela primeira vez como Leão XIV diante de uma multidão comovida na Praça de São Pedro. Em sua fala, prestou homenagem ao papa emérito Francisco, a quem agradeceu publicamente e expressou o desejo de “prosseguir com a bênção” de seu predecessor argentino.
Durante o discurso, alternou do italiano para o espanhol, agradecendo pelo tempo em que atuou como bispo em Chiclayo, no Peru — país onde desenvolveu grande parte de sua missão religiosa. A seguir, destacam-se trechos marcantes da sua fala:
“Sou um filho de Santo Agostinho. Um agostiniano”, declarou, sinalizando um possível norte espiritual para seu pontificado.
“Quero que essa saudação de paz entre no coração de vocês, a todas as pessoas. (…) Deus ama a todos, e o mal não prevalecerá.”
Ele também reforçou seu desejo de uma Igreja “sinodal, que avança, que busca sempre a paz, a caridade, sempre estar próxima, principalmente daqueles que sofrem”.
A mensagem foi encerrada com a oração da Ave Maria, conduzida pelo novo pontífice.
Prevost foi eleito com o voto de ao menos 89 dos 133 cardeais votantes — atingindo, assim, a maioria qualificada necessária. Nascido em Chicago, nos Estados Unidos, aos 69 anos ele se torna o primeiro norte-americano a liderar a Igreja Católica e o primeiro papa oriundo de um país de maioria protestante.
Apesar da nacionalidade americana, sua atuação pastoral se concentrou fortemente na América Latina, em especial no Peru, onde ganhou destaque até alcançar cargos importantes na estrutura do Vaticano.
Antes da eleição, ocupava dois postos de grande relevância: era o prefeito do Dicastério para os Bispos, órgão responsável pelas nomeações episcopais, e também presidia a Comissão Pontifícia para a América Latina.
Com perfil reservado e voz serena, Prevost não costuma buscar a atenção pública e raramente concede entrevistas. No entanto, é identificado como um reformista, em sintonia com a linha de abertura promovida por Francisco. É teólogo de formação e possui profundo conhecimento em direito canônico, legislação que regula a Igreja. Ingressou na vida religiosa aos 22 anos, graduou-se em teologia pela União Teológica Católica de Chicago e, aos 27, foi enviado a Roma para estudar na Universidade de São Tomás de Aquino.
Foi ordenado padre em 1982 e, dois anos mais tarde, iniciou seu trabalho missionário no Peru — começando por Piura e depois atuando em Trujillo, onde permaneceu por uma década, inclusive durante o regime de Alberto Fujimori. Na época, chegou a exigir publicamente desculpas pelas injustiças cometidas.
Em 2014, assumiu como administrador da Diocese de Chiclayo, onde também foi ordenado bispo e permaneceu por nove anos. Nesse período, enfrentou uma controvérsia significativa: em 2023, três mulheres o acusaram de encobrir abusos sexuais cometidos por dois padres quando ainda eram crianças.
Conforme os relatos, uma das vítimas entrou em contato com Prevost por telefone em 2020. Em 2022, ele recebeu formalmente as denúncias e as encaminhou à Santa Sé. Um dos padres foi afastado preventivamente, enquanto o outro já não desempenhava funções sacerdotais por motivos de saúde. A Diocese de Chiclayo negou qualquer tentativa de acobertamento e afirmou que o então bispo seguiu todos os protocolos da legislação eclesiástica. O Vaticano ainda conduz a apuração.
Durante sua trajetória no Peru, Prevost também ocupou cargos na Conferência Episcopal do país e foi nomeado para a Congregação do Clero e, posteriormente, para a Congregação para os Bispos. Em 2023, tornou-se cardeal — função que exerceu por menos de dois anos antes de ser eleito papa, algo raro na história recente da Igreja.
Quando o papa Francisco esteve internado, Prevost liderou uma oração pública no Vaticano pedindo pela recuperação do pontífice.
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