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"De cabeça para baixo": O mapa mudou, mas o IBGE enfrenta sua maior crise interna

O novo formato, conhecido como “mapa invertido”, foi divulgado nas redes sociais pelo presidente do instituto, Márcio Pochmann, nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"De cabeça para baixo": O mapa mudou, mas o IBGE enfrenta sua maior crise interna
"De cabeça para baixo": O mapa mudou, mas o IBGE enfrenta sua maior crise interna (Foto: Reprodução)

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou nesta quarta-feira (7) uma versão atualizada do mapa-múndi, com o Brasil centralizado e o hemisfério sul posicionado na parte superior da imagem. O novo formato, conhecido como “mapa invertido”, foi divulgado nas redes sociais pelo presidente do instituto, Márcio Pochmann, nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).


“O IBGE lançou um novo mapa-múndi com o Brasil no centro, contendo o sul na parte superior do mapa, também identificado por mapa invertido. A novidade busca ressaltar a posição atual de liderança do Brasil em importantes fóruns internacionais como no Brics e Mercosul e na realização da COP30 em 2025”, publicou Pochmann na plataforma X (antigo Twitter).


Não é a primeira ocasião em que o IBGE modifica a apresentação cartográfica em seus materiais. Em abril de 2024, o instituto lançou uma edição do Atlas Geográfico Escolar em que o país também era exibido no centro do globo, mas sem a inversão dos hemisférios. Contudo, essa edição foi duramente criticada devido a equívocos em informações científicas, incluindo a troca entre os períodos geológicos Jurássico e Cretáceo, além de dados incorretos sobre a fragmentação continental. O órgão reconheceu os erros e emitiu uma errata.


Internamente, a gestão de Márcio Pochmann tem sido alvo constante de denúncias. Em janeiro deste ano, funcionários divulgaram uma carta aberta acusando a direção de impor práticas autoritárias, promover o aparelhamento da instituição e ignorar o trabalho técnico. O Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE (AssIBGE) tem mantido uma postura crítica e de oposição à atual administração. A direção também enfrentou uma série de demissões em cargos de liderança, motivadas por protestos contra o que os servidores apontam como interferência ideológica e perda de rigor técnico na instituição.


Entre os temas mais controversos está a criação da Fundação IBGE+, entidade de direito privado vinculada ao instituto e anunciada em 2024. De acordo com servidores, a iniciativa representaria uma estrutura paralela, sem garantias de controle técnico adequado. Diante da repercussão negativa, o governo federal suspendeu a implantação da fundação em 24 de janeiro.


Até agora, o IBGE não emitiu nenhum posicionamento oficial sobre as críticas recebidas pela nova versão do mapa ou sobre os questionamentos referentes à sua gestão.

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