cover
Tocando Agora:

Doria diz que errou com Lula e quer "paz"

Doria explicou que deixou para trás a imagem de “João Trabalhador” — lema de sua gestão na prefeitura de São Paulo — e agora se vê como “João Pacificador”. Em novembro de 2024, chegou a publicar uma carta aberta direcionada ao presidente Lula.

Doria diz que errou com Lula e quer "paz"
Doria diz que errou com Lula e quer "paz" (Foto: Reprodução)

Ex-prefeito e ex-governador de São Paulo, o empresário João Doria — também fundador do Lide, entidade que congrega líderes do setor empresarial — defende o fim da polarização política. Para ele, o Brasil necessita de “diálogo, pacificação e distância dos extremos, tanto da direita quanto da esquerda”. Em conversa com esta coluna, Doria ressaltou que não tem aversão à política nem mágoas do PSDB, mas frisou que não pretende retornar à vida pública.


“Eu estou fora da política e não quero voltar para a política”, afirmou, relembrando que desistiu de sua candidatura à Presidência da República em 2022, após disputas internas nas prévias do partido.


Doria explicou que deixou para trás a imagem de “João Trabalhador” — lema de sua gestão na prefeitura de São Paulo — e agora se vê como “João Pacificador”. Em novembro de 2024, chegou a publicar uma carta aberta direcionada ao presidente Lula.

“Acho que em alguns momentos na vida política e disputando campanhas, eu fui duro demais com algumas pessoas e agressivo em excesso. Não era preciso”, admitiu. “Eu não tenho nenhuma dificuldade de reconhecer os meus erros e pedir desculpas por eles. Ninguém fica menor por pedir desculpas.” E complementou: “Eu tenho posições diferentes das do presidente Lula. Continuo mantendo as minhas convicções, mas acho que, em alguns momentos, eu passei de um limite onde eu poderia ter mantido as minhas convicções, mas mantido também a minha educação.”


Apesar de ter admitido ter sido excessivamente crítico com Lula em certos momentos, Doria dirigiu fortes críticas à forma como o presidente tem lidado com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

“Fernando Haddad procurou ser correto no diálogo, no entendimento com o setor privado. Ele teve a capacidade de ouvir, de fazer uma auscultação para buscar os melhores caminhos para desenhar a política econômica deste governo. E foi atacado dentro do próprio partido do presidente Lula, o que é uma situação bizarra”, afirmou.


Doria também expressou pesar com a situação atual do PSDB, legenda que, segundo ele, perdeu protagonismo e corre o risco de desaparecer ou ser incorporada por outra agremiação.


Tendo integrado o partido por 22 anos, o ex-governador comentou que não mantém mais vínculos com os líderes tucanos de hoje.


“Eu fico triste. Só espero que não esqueçam a boa história do PSDB e as contribuições que o partido ofereceu à democracia e aos movimentos de defesa da Constituição e do comportamento republicano.”


Mantendo diálogo constante com representantes do empresariado, Doria também comentou sobre o impacto negativo causado pelo pacote de tarifas imposto pelo presidente norte-americano Donald Trump, que, segundo ele, surpreendeu negativamente o setor produtivo do Brasil.


“Vamos ter um período complexo ao longo desses quatro anos de governo Trump. Sabia-se que não seria fácil, dada a experiência anterior com Donald Trump, mas não se imaginava que ele fosse ser tão tenso, tão agudo, adotando medidas extremamente drásticas e que mudam também com uma velocidade incomum, afetando a maior economia do mundo num nível estranho, com medidas mal formuladas e mal planejadas.”

Comentários (0)