Viagem de Lula ao Japão e Vietnã custou milhões e bateu recorde de comitiva

Segundo dados obtidos pelo jornal O Estado de São Paulo, com base em registros do Diário Oficial da União, do Painel de Viagens e do sistema Siga Brasil, do Senado Federal, essa foi a viagem com maior número de participantes no terceiro mandato de Lula.

A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Japão e ao Vietnã, no final de março, envolveu uma comitiva oficial composta por mais de 220 pessoas, entre autoridades, assessores e técnicos. Até agora, os gastos estimados giram em torno de R$ 4,54 milhões, embora, passados mais de 30 dias do retorno ao Brasil, o custo total da missão ainda não tenha sido oficialmente divulgado.

Segundo dados obtidos pelo jornal O Estado de São Paulo, com base em registros do Diário Oficial da União, do Painel de Viagens e do sistema Siga Brasil, do Senado Federal, essa foi a viagem com maior número de participantes no terceiro mandato de Lula. Para comparação, durante a 79ª Assembleia-Geral da ONU, em setembro de 2023, a comitiva presidencial teve pouco mais de 100 membros.

A delegação que acompanhou Lula ao Japão e ao Vietnã incluiu 11 parlamentares, além de representantes do Gabinete Pessoal da Presidência, Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Secretaria de Comunicação Social (Secom), Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) e Casa Civil. O Itamaraty liderou o envio de pessoal, com pelo menos 32 servidores designados para a missão.

A primeira-dama, Rosângela da Silva, conhecida como Janja, também gerou despesas ao se deslocar de Tóquio para Paris e, de lá, para Brasília, com escala em São Paulo. Os voos custaram R$ 60.210,58, de acordo com o Painel de Viagens. Em um dos trechos, ela viajou na classe executiva, ocupando o assento 1L da Latam. Vale lembrar que, segundo a legislação vigente, esse tipo de acomodação é reservado a ministros de Estado ou a ocupantes de cargos equivalentes em viagens com duração superior a sete horas — o que não se aplica a Janja, que não possui cargo formal no governo.

Antes da chegada de Lula ao Japão, Janja embarcou com o Escalão Avançado (Escav) da Presidência, grupo responsável pela organização logística antecipada de missões internacionais. Esse grupo contou com 112 pessoas, incluindo militares, servidores do GSI, diplomatas do Itamaraty e outros profissionais, como o fotógrafo Ricardo Stuckert e a médica infectologista Ana Helena Germoglio.

Os custos da missão incluíram ainda despesas logísticas extras, como os R$ 77.903,80 gastos com hospedagens no hotel Crowne Plaza, em Anchorage, no Alasca (EUA), onde houve uma escala dos aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) rumo ao Japão. O governo também desembolsou R$ 397,8 mil com o aluguel de veículos com motorista nessa cidade.

Mesmo com o grande número de envolvidos, a Secretaria de Comunicação Social optou por não divulgar a lista completa dos participantes nem os valores finais da missão. Segundo a Secom, apenas os nomes dos integrantes da comitiva oficial – as autoridades – são publicados no Diário Oficial da União, enquanto os demais participantes das comitivas técnicas e de apoio estão protegidos por “grau de sigilo reservado”.

A pasta também informou que os gastos com hospedagens de autoridades e servidores ficam sob responsabilidade do Itamaraty, conforme o Decreto nº 940/1993. Já as passagens e diárias seguem as diretrizes de um decreto de 1985, que determina um prazo máximo de 30 dias para a prestação de contas.

Atualmente, Lula encontra-se em visita oficial à Rússia, somando 29 viagens internacionais desde o início do atual mandato. Na missão mais recente, estão presentes figuras como o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), o deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA), e os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e Mauro Vieira (Relações Exteriores).