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Janja rebate críticas na China: “Nenhum protocolo vai me calar”

O estopim do novo episódio de controvérsia foi uma declaração feita por Janja durante uma reunião diplomática na China, onde acompanhava o presidente Lula em uma série de compromissos bilaterais.

Janja rebate críticas na China: “Nenhum protocolo vai me calar”
Janja rebate críticas na China: “Nenhum protocolo vai me calar” (Foto: Reprodução)

A primeira-dama Janja da Silva voltou a causar repercussão após sua participação durante a comitiva presidencial na China. Em um discurso recente, realizado nesta segunda-feira (19), ela comentou a repercussão de sua fala direcionada ao presidente chinês, Xi Jinping, sobre o TikTok. A declaração, que aconteceu em um ambiente diplomático e formal, gerou desconforto nos bastidores do governo, sendo vista por muitos como uma quebra de protocolo e mais um episódio polêmico envolvendo a atuação da esposa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Apesar das críticas, Janja saiu em defesa de sua postura, afirmando que não aceitará ser silenciada por cargos ou protocolos formais. Em um evento promovido pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, a primeira-dama respondeu às controvérsias com firmeza, reforçando seu papel como figura ativa na defesa de temas que considera relevantes para a sociedade brasileira.

A fala que gerou incômodo diplomático

O estopim do novo episódio de controvérsia foi uma declaração feita por Janja durante uma reunião diplomática na China, onde acompanhava o presidente Lula em uma série de compromissos bilaterais. Em determinado momento, ela se dirigiu diretamente a Xi Jinping para fazer considerações sobre o TikTok, aplicativo de origem chinesa muito popular entre os jovens brasileiros.

Embora os detalhes exatos do que foi dito não tenham sido divulgados publicamente, fontes ligadas à diplomacia brasileira classificaram a abordagem como “inadequada” para o ambiente formal. A crítica de Janja, segundo relatos, teria causado desconforto na delegação e sido vista como uma intervenção fora de tom.

Diplomatas ouvidos de forma reservada revelaram que o episódio foi tratado internamente como uma “saia justa”, já que a primeira-dama não ocupa cargo oficial no governo nem é eleita pelo povo, o que levanta questionamentos sobre sua atuação em temas sensíveis da política externa.

A resposta de Janja: “Não há protocolo que me cale”

Durante o evento em Brasília, Janja comentou diretamente o ocorrido. Visivelmente firme em seu posicionamento, ela disse que continuará se manifestando sobre assuntos que considerar importantes, especialmente aqueles que envolvam os direitos das mulheres, da juventude e das minorias sociais.

“Eu não fui eleita, mas também não sou decorativa. Tenho consciência do meu papel e da minha responsabilidade social como primeira-dama. Não há protocolo que me faça calar quando eu vejo algo que merece atenção e reflexão”, afirmou Janja em tom enfático.

Ela também aproveitou para criticar os que tentaram reduzir sua participação a um ato indevido ou fora de lugar. “É curioso como se incomodam quando uma mulher ocupa um espaço de fala. Quando um homem comenta, é firme. Quando uma mulher comenta, é inconveniente. Isso diz mais sobre os críticos do que sobre mim”, disparou.

Uma primeira-dama ativa e fora do padrão tradicional

Desde o início do mandato de Lula em 2023, Janja da Silva tem se destacado por sua postura ativa e engajada. Ao contrário de primeiras-damas anteriores, que mantinham um perfil mais discreto, Janja se envolveu em diferentes frentes sociais e políticas, especialmente na área dos direitos humanos, cultura, juventude e meio ambiente.

Sua presença constante ao lado do presidente em viagens internacionais e eventos políticos é frequentemente notada. Em alguns círculos, ela é vista como uma “voz paralela” no governo, algo que gera incômodo em parte da classe política e do corpo diplomático tradicional. Ainda assim, ela vem recebendo apoio de militantes e movimentos sociais que a enxergam como uma figura que rompe com os estereótipos de passividade associados à figura da primeira-dama.

Limites institucionais e o debate sobre protagonismo

A atuação de Janja também reacende um debate antigo sobre os limites do papel da primeira-dama no cenário institucional brasileiro. Por não ocupar um cargo público ou eletivo, suas intervenções em certos assuntos geram questionamentos sobre legitimidade, representatividade e até interferência em funções de Estado.

Analistas políticos apontam que, embora não exista uma legislação que delimite o que a primeira-dama pode ou não fazer, a tradição e o bom senso costumam sugerir uma postura mais discreta, especialmente em assuntos de política externa, que envolvem sensibilidade diplomática.

Por outro lado, seus apoiadores destacam que a ausência de cargo oficial não impede que ela se manifeste como cidadã, ativista e representante simbólica do governo. Para eles, sua atuação mostra um novo modelo de engajamento feminino na política.

Reações nas redes e entre aliados

A declaração de Janja dividiu opiniões nas redes sociais. Muitos internautas aplaudiram sua coragem de se posicionar mesmo em um ambiente de alta formalidade internacional. “É preciso ter pulso para falar o que pensa, mesmo quando isso desagrada o protocolo. Janja mostrou que está ali com propósito”, comentou uma usuária no X (antigo Twitter).

Por outro lado, críticos voltaram a questionar sua presença em pautas sensíveis e a necessidade de maior moderação em ambientes institucionais. Parlamentares da oposição também aproveitaram o episódio para reforçar a crítica de que Janja interfere em assuntos que não lhe cabem formalmente.

Nos bastidores do Palácio do Planalto, o clima é de cautela. Assessores próximos ao presidente Lula teriam recomendado mais discrição por parte da primeira-dama em viagens futuras, buscando evitar novos episódios que possam comprometer a imagem do governo ou causar ruídos diplomáticos.

Uma figura que simboliza mudanças

Independentemente das críticas, é inegável que Janja representa uma quebra de paradigma no papel tradicional das primeiras-damas brasileiras. Com forte presença midiática, discursos contundentes e envolvimento ativo em pautas sociais, ela vem construindo uma imagem de mulher pública que participa e influencia, ainda que informalmente, o debate nacional.

Sua postura pode agradar ou desagradar, mas certamente gera reflexão sobre o espaço que mulheres ocupam — ou deveriam ocupar — nos bastidores do poder. Janja parece determinada a manter sua voz ativa, mesmo diante das pressões para que se mantenha nos bastidores.

E, como ela mesma declarou: “Enquanto eu tiver algo a dizer que possa contribuir com o país, direi. E não será um protocolo que vai me impedir disso”.


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