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Moraes publica decisão que suspende parte de ação penal contra Alexandre Ramagem

De acordo com o despacho, Moraes determinou a continuidade do processo em relação a três dos cinco crimes atribuídos a Ramagem, mas decidiu postergar a análise de duas das acusações — exatamente aquelas que tratam de danos ao patrimônio público — sob a justificativa de que ocorreram após sua diplomação como parlamentar.

Moraes publica decisão que suspende parte de ação penal contra Alexandre Ramagem
Moraes publica decisão que suspende parte de ação penal contra Alexandre Ramagem (Foto: Reprodução)

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), publicou o despacho que suspende parcialmente a ação penal contra o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). A decisão ocorre no âmbito do processo em que Ramagem é acusado de envolvimento em uma suposta tentativa de golpe de Estado, conforme denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

De acordo com o despacho, Moraes determinou a continuidade do processo em relação a três dos cinco crimes atribuídos a Ramagem, mas decidiu postergar a análise de duas das acusações — exatamente aquelas que tratam de danos ao patrimônio público — sob a justificativa de que ocorreram após sua diplomação como parlamentar.

Os crimes pelos quais o deputado seguirá respondendo são:

Organização criminosa armada

Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito

Incitação ao crime

Já os delitos de dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, com considerável prejuízo, e deterioração de patrimônio tombado, ficarão congelados até o fim do mandato de Ramagem. Durante esse período, o prazo prescricional fica suspenso.

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“Os crimes que poderão ser analisados ao término do mandato serão objeto de petição autônoma, e o período de suspensão da prescrição será computado para fins de apuração do prazo prescricional”, escreveu Moraes, num gesto de equilíbrio institucional com prazo de validade.

A decisão gerou forte reação entre juristas e opositores do governo, que veem no STF — e especialmente no gabinete de Alexandre de Moraes — uma atuação cada vez mais marcada pela conveniência política. Embora o despacho mantenha o núcleo da acusação contra Ramagem, a suspensão parcial é interpretada por muitos como mais uma manobra jurídica que permite ao Judiciário manter o controle da narrativa, sem enfrentar o desgaste de um julgamento completo agora.

Chama atenção o fato de que a decisão da Primeira Turma do STF não se estende aos demais seis réus no mesmo processo: o ex-presidente Jair Bolsonaro, os generais Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, o ex-ministro Anderson Torres, o almirante Garnier e Mauro Cid continuam respondendo a todos os crimes imputados, sem qualquer tipo de suspensão.

Essa assimetria reforça a percepção de que decisões judiciais, no atual arranjo institucional, têm sido calibradas de acordo com cargos, conveniências e — principalmente — alinhamentos políticos.

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