Silas Malafaia critica Moraes por ameaça a Aldo Rebelo: “Ditador”
Malafaia, que tem se posicionado como uma das principais vozes críticas às decisões do STF, chamou Moraes de “ditador do Brasil” e afirmou que o ministro “não respeita sequer a biografia de uma figura como Aldo Rebelo”.

Em mais um capítulo da tensão entre lideranças religiosas e o Supremo Tribunal Federal (STF), o pastor Silas Malafaia voltou a atacar publicamente o ministro Alexandre de Moraes. Nesta sexta-feira (23/5), Malafaia utilizou suas redes sociais para criticar duramente o comportamento do magistrado durante as audiências da ação penal que investiga uma suposta trama golpista envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros aliados. O estopim foi a advertência de Moraes ao ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo, durante seu depoimento ao STF, sob ameaça de prisão por desacato.
Malafaia, que tem se posicionado como uma das principais vozes críticas às decisões do STF, chamou Moraes de “ditador do Brasil” e afirmou que o ministro “não respeita sequer a biografia de uma figura como Aldo Rebelo”. O líder religioso, que mantém estreita ligação com Jair Bolsonaro e organizou diversos protestos pró-anistia aos condenados dos atos de 8 de janeiro de 2023, vem intensificando seu tom contra o Supremo, especialmente desde o início das audiências do chamado núcleo 1 da ação penal, que investiga Bolsonaro e seus aliados.
Advertência a Aldo Rebelo gera indignação
A tensão aumentou após Alexandre de Moraes advertir Aldo Rebelo durante uma audiência por videoconferência. Rebelo, que ocupou o Ministério da Defesa entre 2015 e 2016, prestava depoimento como testemunha de defesa quando teria, segundo Moraes, adotado um tom inadequado e desrespeitoso. O ministro alertou que, caso Rebelo insistisse naquele comportamento, poderia ser preso por desacato. A declaração causou perplexidade entre aliados de Bolsonaro e figuras públicas com histórico institucional, como é o caso de Rebelo, que também já presidiu a Câmara dos Deputados. Silas Malafaia não tardou a reagir, classificando a atitude de Moraes como “abuso de poder”. Segundo o pastor, o ministro está “acostumado a impor o medo e a censura como ferramentas para calar vozes discordantes”.
“Inaceitável autoritarismo”, diz Malafaia
Em sua publicação nas redes sociais, Malafaia escreveu:
“O ditador do Brasil ataca novamente! Alexandre de Moraes ameaça prender Aldo Rebelo por expressar sua opinião. Onde já se viu isso? Um ex-ministro da Defesa sendo intimidado por cumprir seu dever como testemunha. Esse autoritarismo precisa ser detido!”
A postagem viralizou rapidamente entre os apoiadores do ex-presidente Bolsonaro, que veem em Moraes um símbolo do que chamam de “judicialização da política”. Muitos compartilharam a publicação de Malafaia, acompanhada de críticas contundentes ao STF e às decisões do ministro.
Audiências seguem até 2 de junho
Desde o dia 19 de maio, o STF tem conduzido audiências com testemunhas de acusação e defesa dos réus ligados ao núcleo mais sensível do processo, que envolve diretamente Jair Bolsonaro. As audiências são realizadas por videoconferência e têm sido marcadas por momentos de tensão e embates entre as partes. Os depoimentos estão previstos para continuar até o dia 2 de junho.
A advertência feita a Aldo Rebelo foi apenas um dos episódios que demonstram o clima delicado dessas sessões. Moraes, conhecido por sua postura firme, tem adotado medidas rígidas para manter a ordem nos depoimentos, o que vem provocando críticas de diversos setores.
Malafaia amplia discurso político-religioso
Mais do que um ataque isolado, a fala de Malafaia se insere em um contexto maior de mobilização conservadora contra o que considera abusos do Judiciário. Desde o início do ano, o pastor tem liderado protestos, atos religiosos e mobilizações políticas pedindo anistia para os condenados dos atos de 8 de janeiro, além de exigir “limites ao poder do STF”.
A aproximação com Jair Bolsonaro também é cada vez mais evidente. Malafaia participou ativamente de manifestações na Avenida Paulista ao lado do ex-presidente e tem funcionado como uma espécie de porta-voz informal dos setores evangélicos mais alinhados à direita política.
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